Quando leio um jornal que me desperta interesse geralmente leio-o quase de fio a pavio. É o caso do semanário Sol, que de vez em quando compro(eu disse de vez em quando). Tenho-o por um jornal inteligente, e que goza de um bom prestígio. Por isso foi com bastante perplexidade que me deparei no jornal de 3 de Fevereiro de 2007 com uma rubrica que apesar de só preencher um pequeno espaço no canto inferior direito da página 47 fez-me relê-la umas três ou quatro vezes como se o que estava lendo fosse um dos sintomas do meu cansaço... Uma senhora de nome Assunção Cabral ocupa nesse espaço uma rubrica chamada : Consultório de Etiqueta, nesse dia o titulo despertou-me a atenção: «O insuportável gato» onde uma senhora pedia ajuda para enfrentar um grande dilema: tinha um convite para jantar em casa do colega do marido mas este tinha dois gatos! A senhora tinha pânico de gatos. Perguntava o que devia fazer.
Eu pensei: não tenho o direito de criticar a senhora por esta ter pânico de gatos, às vezes essas coisas já vêm enraizadas e não há como fugir delas sem uma ajuda capacitada.
Comecei a ler a resposta que a dita conselheira lhe dedicou. Não irei transcreve-la na integra, mas vou repetir-vos alguns dos adjectivos que na opinião dela qualificam os gatos:
E agora vêm alguns dos adjectivos que compõem o chorrilho com que baptiza os donos:
Agora vamos à sua derradeira conclusão:
- Ter gatos é definitivamente uma ordinarice indesculpável.
Fiquei também sabendo que a única simpatia que tem pelos cães é:
- A obsessão com que perseguem os gatos.
Passou-se algum tempo desde que li este infeliz texto, e hoje ocasionalmente quando deambulava pela web encontrei exposta a indignação de outros leitores
aqui.
Será que a senhora já publicou o pedido de desculpas que lhe solicitaram? Não sei, porque entretanto não comprei o semanário na semana passada e ainda não é sábado! Depois, vocês dizem-me, já que não sei se o vou comprar esta semana (reticências).
O meu silêncio está comigo outra vez...
Tantas vezes bateu-me à porta e sentou-se comigo num canto da minha sala vazia. Aconchegava-me até eu prometer que iria continuar o jogo da vida.
Não me deixava enquanto do chão eu me erguia.
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Uma vez mais, ele chegou, não que eu não desse por isso, senti sempre a hora da sua chegada...
Mas desta vez, está ficando tempo demais. Está demorada, parece-me demasiado longa a sua estadia.
Não me deixa camuflar tristezas nem inventar alegrias, como antes o fazia.
Entrelaçou-me em cerco de ervas daninhas com pequenas frestas que me fazem tocar o chão para onde hei-de voltar um dia...
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Mas, talvez reste ainda algo para sonhar até ao chão regressar e numa dessas brechas encontrarei uma saída, para voar, mesmo que iludida.
Sei, porém, que, seja o meu voo estreito, largo, extenso ou curto, alto, baixo ou um tanto prolongado, o chão espera a minha, como espera a tua volta, quer fujamos para este ou para aquele lado.
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Não gosto do meu silêncio quando ele se demora tempo demais, deixa-me prostrada e o cheiro do chão tem essência de nada... (ou talvez não?...)
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Imagem retirada daqui )