Domingo, 19 de Novembro de 2006

Bésame...

Chove...
Parece que foi ontem que lavei as roupitas das minhas bonecas nos regatos que corriam límpidos pela minha rua...
Chove...
Parece que foi ontem que estava na sala de aula, ficando com os olhos arregalados quando a mãe de uma das minhas colegas entrou na sala de rompante com uns chinelos felpudos  na mão para a filha aquecer os pezinhos frios do Inverno gelado...Ainda no dia desta caricata situação fiquei sabendo que os tais chinelinhos felpudos se chamavam "pantufas", cheguei a casa e a primeira coisa que disse foi:
- Mãe, a mãe da Anabela levou-lhe umas "Pantufas" hoje para ela calçar na sala!!!
A minha mãe não disse nada mas no dia seguinte eu tinha umas pantufinhas para estar com os pezinhos quentinhos em casa...
Chove...
Parece que foi ontem que a mãe da Anabela entrou outra vez de rompante na sala, desta feita bastante agitada:
- Ai que grande cheia que já chega aqui bem perto!!!
E eu incrédula para mim própria: Meu Deus o que é uma cheia?
A professora tratou de acabar de imediato a aula e quase não teve tempo para nos dar algumas indicações apressadas de como iríamos com cuidado para casa...
Fui com a minha mãe e a minha irmã ver a cheia, tremi sempre e os miúdos companheiros de brincadeiras, alguns já rapazolas mais crescidinhos do que eu diziam-me:
- Não tenhas medo...não chega aqui...
E ficavam assim a olhar para mim solidários.
    
Chove...
Parece que foi ontem que em dia chuvoso, já mocinha feita ficava a jogar ao «31» numa mesa do nosso café do momento, uma mesa pequena apinhada de cabeças esgueiradas para o papel dos números até que algum se entediava e dizia:
- E agora vamos jogar aos «nomes»! Não arranjávamos outro título para o jogo que nos ocupava o resto da tarde, nomes de frutos, países, nomes de pessoas, nomes...
Chove...
Parece que foi ontem que dançava no baile no salão dos Bombeiros, ao som do «Bésame Mucho » .. bésame , bésame mucho , como si fuera esta la noche la última vez...
E ao chegar à rua, vermelha como um tomate pelo calor da sala e pelo ardor dos slows deparava-me com o ribombar dos trovões acompanhada de chuva forte, mais o vento a puxar de Sul...alheios à intempérie lá vínhamos trauteando aos gritos pela rua abaixo: bésame , bésame mucho que tengo miedo a perderte perderte después ...
Chove...
Alerta amarelo, alerta laranja...
Chove nem sequer como antes...
Bésame , bésame mucho como si fuera esta noche la última vez…
 
como se fosse esta noite a última vez...
Sinto-me: um bocadinho nostálgica
Escrevinhado por gaivota da ria às 00:30
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34 comentários:
De jpcfilho a 19 de Novembro de 2006
Linda Gaivotinha, primeiro te digo o quanto estou apaxonado por ti. E inossas lembranças, muitas e boas, e lindas guardadas em báus. "Chove lá fora, e nem tenho a quem dizer, que chove lá fora"...Um maravilhoso domigo..beijos
De castor a 19 de Novembro de 2006
Ainda bem que estás de volta! Com ou sem pantufinhas, eu já estava a sentir a tua falta...claro que a minhoca andava radiante ;-) Porque seria? ehe ehe ehe.
De Andesman a 19 de Novembro de 2006
Já não chove como chovia antigamente. Hoje chove, mas não mata a minha saudade da chuva que chovia antigamente. Beijinhos pa ti
De castor a 20 de Novembro de 2006
Minhoca??? Que minhoca??? Ah...a minhoca!!!!!! Pois, uma verdadeira minhoca impõe-se sempre e a minha não é excepção...ehe ehe ehe hoin hoin hoin ehe ehe ehe!!!!!!!! Grande fim de semana :-))))))))) Baba de verme anelídeo para ti e um chuac aqui do maluco.
De José S. a 20 de Novembro de 2006
Chove mas não chove como dantes. Chove mas já não chapinhamos nas poças enquanto as nossas mães nos "arrenegavam" com ameaças de chinelada pela roupa encharcada e pelo receio das constipações que raramente nos atacavam.
Chove e a nostalgia dos anos que se foram, dói mais que o reumático que faz estalar os joelhos e as vértebras...
Bêjos.
De ciloca a 22 de Novembro de 2006
Que lindas lembranças, que nos transportaram à nossa infãncia e nos fizeram sorrir e sentir saúdades. Já não chove, como dantes porque dantes era tudo mais profundamente sentido, este dantes é a infância . Julgo que a infâcia é sempre assim seja de que geração se trate.Beijos Gaivota Linda.....
De Juda a 20 de Novembro de 2006
Olá... este tempo transforma-me numa pessoa mais sisuda, mas a nostalgia vem pelas 18 horas, agora é noite... um abraço...
De isa&luis a 20 de Novembro de 2006
Olá minha querida gaivotinha,

Adorei ler-te. Recordar é viver, e eu, através do teu belo texto, revivi aqueles bailes nas colectividades, em que esperavamos pelo par certo, e dançavamos ao som Besame mucho...

Obrigada por este momento divino.

Beijinhos muitos para ti

Isa
De delta a 20 de Novembro de 2006
Ok...Não gosto de ver a nossa gaivota "murcha"





De gaivota da ria a 20 de Novembro de 2006
Dona Delta, murcha? Jamais, tudo menos isso!
De delta a 21 de Novembro de 2006
Andas a perninhas de frango???


De ferrus a 21 de Novembro de 2006
Chove,
um torrilho de recordações,
uma enchente de coisas bonitas vividas
na minha infância...
Chove
uma dose de saudade
dos tempos de escola primária
onde se dançava à chuva para desepero dos progenitores,
chove
chove um sorriso dentro de mim pelos bailaricos
"malandrecos",

Obrigado por esta chuva que em mim provocaste,
obrigado por esta enchente de carinho

beijinhos
De _estrelinha_ a 21 de Novembro de 2006
ola, gostei muito das tuas palavras e da musica...ée o tempo passa e nem damos por ele, mas o k interessa é bvivermos intensamente o presente, pois so elke importa. fica bem e bj

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